É possível educar as crianças sem impor castigos?

Viver em sociedade e desenvolver relações interpessoais são parte essencial da vida. Participar dessa construção é gratificante e também difícil. “A infância é uma fase egocêntrica, com mais conflitos, já que a criança não consegue perceber o outro nem se colocar no lugar dele. Compete ao adulto que educa acompanhar a formação da criança e sua inserção social”, aponta Lilian Costa, diretora pedagógica da Escola Infantil Visconde de Sabugosa, que recebe crianças de 1 a 5 anos. 

Segundo ela, “as divergências são a oportunidade de as partes envolvidas se expressarem, demonstrarem os seus sentimentos, promoverem interações e buscarem soluções. Evitar o conflito é desperdiçar a oportunidade de amadurecimento”. Todavia, os pais ficam confusos e inseguros sobre qual o modo mais correto para educar a criança: conversar, recompensar, colocar para pensar, dar castigo? “É normal a criança testar nossa autoridade e, inconscientemente, pedir limite para ver até onde nos importamos com ela, até onde vai nosso cuidado e amor por ela”. 

Porém, na correria do dia a dia, os pais podem buscar soluções mais rápidas, sendo permissivos, omissos ou punitivos: “Essas posturas contribuem para uma geração intolerante à frustração, agressiva, autoritária, infeliz e/ou com baixa autoestima”.

Na Visconde, os conflitos são vistos como oportunidade de crescimento: “Um exemplo é quando estamos fazendo uma brincadeira e há uma criança empurrando os colegas. Conversamos com ela, relembrando os combinados, dando a opção de ela continuar com os colegas, brincando sem incomodá-los, ou sair da brincadeira. A criança deve ter a oportunidade de escolher o que fazer, podendo voltar quando conseguir cumprir as regras. Porque, se assim não o for, torna-se um castigo. Com isso, formamos crianças mais autônomas, com facilidade de se posicionarem e fazerem escolhas, mais bem resolvidas na vida adulta”. 

Lilian explica que o professor tem papel fundamental nessa interação: “Ele deve agir naturalmente, tranquilo e sem tom de ameaça. Precisa mostrar para a criança que deseja o melhor para ela. É uma construção conjunta”. Por causa das turmas reduzidas na Visconde, o professor intervém e intermedeia negociações com mais facilidade, dando voz e ouvindo as partes. “Priorizamos a estrutura emocional. Acreditamos que a criança segura, com autoestima elevada e confiante tem mais capacidade pedagógica, mais interesse em aprender e vencer desafios”. 

Lilian defende que haja uma mesma postura em relação à criança na escola e em casa, evitando gerar uma confusão na cabeça dela: “Quando percebemos essa dissonância, nós chamamos a família para alinhar as condutas”. Se você anda optando pelo castigo, ainda é tempo de mudar a postura e construir combinados e acordos em grupo. “Educar é um aprendizado diário e cometer falhas é natural. Nossa intenção é que a mudança parta da criança e seja de dentro para fora. Não apenas para agradar as pessoas, mas que ela perceba que é o melhor para si e para os outros”.

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