Hora de socializar, se conhecer, aprender e construir uma autoimagem positiva de si.
Desde que nascemos encaramos o difícil exercício de ver o outro, de sair de um mundo só nosso, onde “egocentricamente” buscamos nossas satisfações para enfrentarmos a socialização, que nada mais é que a inserção num mundo com regras e costumes, do qual queremos fazer parte e por ele sermos aceitos.
Muitas vezes os pais percebem que seus pequenos estão crescendo e precisando se relacionar com outras crianças. Observam que eles estão possessivos, egocêntricos e imediatistas. Quando essas questões passam a causar incômodo, é importante saber que eles podem contar com a escola para ajudá-los.
A criança socializa a partir do momento que consegue perceber o outro. Esse processo acontece simultaneamente à construção de sua identidade. No outro ela vê semelhanças e comportamentos que tenta imitar, mas o que a torna única são seus desejos, suas preferências e características próprias que ela acrescenta às normas sociais e culturais. Aos poucos ela aprenderá a valorizar essas características, tendo uma autoestima elevada, ou aprenderá a desprezar, construindo uma baixa autoestima.
Como podemos ajudar na socialização dos pequenos e na construção da sua identidade e autoimagem? Todos que, direta ou indiretamente, com ela convivem, são agentes desse processo. Somos construtores de personalidades, ou seja, essa responsabilidade é de nossa competência. A chegada de um filho remete aos pais o compromisso com sua formação integral. Para a escola, a chegada de um aluno remete aos professores e demais educadores um compromisso com sua formação cognitiva, física, emocional e, por que não dizer, integral.
Vamos repensar nossa atuação e enumerar aspectos que podem ajudar nessa construção positiva. Nossa cultura é muito negativa. Temos uma facilidade enorme em ver o errado, o feio, o que não pode, o negativo. Devemos exercitar o olhar positivo, abrir os olhos para o bonito, o que pode, o positivo, o certo, porque eles acontecem o tempo todo, apenas não damos a eles a atenção devida. Deixe sua criança ouvir que ela é cuidadosa, amiga, atenciosa, carinhosa…. Vamos evitar falar seu nome apenas quando faz algo errado, quando estraga algo, bate, empurra, quando chora e faz birra.
Sua criança deve ser vista e ouvida. Dê a ela oportunidade de expressar seus sentimentos, desejos e opiniões. A atenção e a receptividade com que atendemos nossas crianças fazem com que se sintam valorizadas, respeitadas e confiantes.
O apoio do adulto às crianças é importante na exploração dos SENTIMENTOS, para que elas saibam identificá-los nas situações do dia a dia e saibam lidar com os mesmos. Para isso, o apoio do adulto é essencial.
Deixem claro e batalhem pelos VALORES que propõem para sua criança, pois a família é a instituição que primeiro lhes apresentarão e validarão esses valores.
A escola tem em sua proposta pedagógica os valores que julgam importantes para a formação dos seus alunos e busca, diante dos acontecimentos, reforçá-los, como: o respeito aos colegas, a empatia, verbalizar seus sentimentos e desejos, persistir na resolução de conflitos, cuidar de si e do espaço em que está e ter sensibilidade em ajudar o outro. São alguns desses valores que, à medida que a criança pratica, ela os entende, passando a fazer parte da sua identidade.
O EXEMPLO interfere muito nessa construção, sendo mais eficiente que longos discursos. Por isso a importância em se manter uma coerência entre o discurso e a ação. Se minha criança deve me ouvir quando falo com ela, eu também devo ouvi-la; se não quero que grite comigo, devo fazer o mesmo, e assim as coisas fluem com mais harmonia e respeito.
Essas são algumas intervenções que podem ajudar na socialização das crianças. Deve-se, pois, assumir uma parceria na educação das crianças: pais, professores, avós, babás e todos os que estão por perto, deixando exemplos, olhares, palavras… Todos contribuem para sua formação. A criança é como uma esponja que consegue absorver tudo à sua volta, inclusive fazer leituras que apenas sua sensibilidade lhe permite fazer.
A partir do momento que nos foi dada essa missão, de pais, educadores e cuidadores, ou que a abraçamos de livre e espontânea vontade, cabe a nós exercê-la com responsabilidade, ajudando as crianças na construção da sua identidade, autoestima e autoimagem positiva.
Lilian de Oliveira Costa
Diretora Pedagógica da Escola Visconde de Sabugosa
Pedagoga/Especializada em Alfabetização Infantil e
Pós Graduada em Neurociências